"No princípio criou Deus os céus e a terra."

"Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. Sl.90:2"

"Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade" Sl.39:4.

terça-feira, 24 de abril de 2012

X Língua Portuguesa - Opinião, "apenas"!


 X Língua Portuguesa – Opinião, “apenas!”

Quando se começa a estudar a origem da Língua Portuguesa nos reportamos ao Latim, mas especificamente ao Latim Vulgar.
Latim Vulgar é a outra esfera do Latim conhecida como Latim Clássico, esse por sua vez era a língua falada pelo que podemos chamar de classe de nível cultural e social elevada. Os demais falantes, ou seja, os falantes do Latim Vulgar era a classe conhecida pelo vocabulário reduzido sem muitas preocupações com as normas gramaticais tanto na escrita quanto na fala.

A classe conhecida como menos favorecida pode ser chamada de uma classe prática, no sentido de levar a vida sem ter tantas preocupações durante esse percurso.  Em outras palavras, viver seria muito mais interessante do que preocupar-se com a forma que a vida seria conduzida com ou sem considerações gramaticais.

É notadamente possível reconhecer esse estilo de vida e, consequentemente a conduta gramatical, seja na linguagem escrita ou falada, em nossos dias. Não é difícil notar que as classes consideradas “menos favorecidas” são exatamente  as que menos possuem preocupações com as questões gramaticais de sua língua materna.

Sejam por razões de falta de oportunidade ou falta de uma conduta intelectual a favorecer a inserção dessa preocupação, essas classes acabam por considerar a vida prática muito mais vantajosa que a vida reflexiva no sentido da preocupação com a língua. E, por que não dizer também que esse tipo de conduta leva essas classes a considerar a educação menos importante que ter um trabalho que garanta ou que se converta em pecúnia.

Fazer parte de uma classe “menos favorecida” deve ser muito ruim mesmo, afinal de contas viver ponderando tudo e todos dever ter mais vantagens que apenas viver!
A classe menos favorecida certamente não se servia de todas as “vantagens” que a classe de nível mais elevado tinha acesso. Ora, se sou privado de me socializar por razões de “escassez de cultura”, financeiras ou seja lá o motivo que me impunham, não preciso ser obrigado a me desfazer de um bem que é meu por direito e o qual não me pode ser subtraído. Esse bem, meus queridos, é a Língua.

Não quero entrar muito em questões jurídicas, mas nossa Carta Magna reza que temos liberdade de expressão, obviamente que esse ou todos os textos referentes a matéria, nem de longe remonta ao latim vulgar e das considerações que estão sendo feitas aqui. Mas posso, todavia, lembrar que se existe um curso de nível superior que valoriza o Latim por ser uma língua morta e, portanto livre de dinamismo ou variações, é o curso de Direito.

Bem, voltando às privações. Nada mais divertido do que entreter-me com minha própria língua, uma vez que sou privado de entreter-me com a sociedade que me considera um bárbaro sem cultura, simplesmente por eu não obedecer a uma norma puramente gramatical.

A liberdade de expressão me confere competência para dinamizar a língua e fazer parte do que chamamos em gramática da Língua Portuguesa como Estrutura e Processos de Formação de Palavras. Se não tivéssemos, por exemplo, a Redução ou Abreviação não teríamos condição de chamar a palavra Motocicleta de apenas Moto, ou ainda, Fotografia de apenas Foto. E o que seria das piadas ou dos entretenimentos das crianças se não fossem as Onomatopeias?! Saber o som de algo, poder fazer com a boca utilizando-se a Língua que me foi internalizada e ser privado disso me traria uma tristeza. Ou será que me traria uma oportunidade?
Certamente que a Língua não seria tão dinâmica se houvesse tais privações!

E o que dizer das possibilidades fonéticas? Já pensou se não tivéssemos oportunidade de brincar com os trocadilhos, fazer piadinhas com as variações linguísticas, dinamizar a língua  partindo do meu conhecimento de mundo como premissa? Isso seria com certeza  “bárbaro” demais!

No livro que citei como sugestão de leitura de entretenimento, Piadas Nerds, Carol Zoccoli, escreve e brinca com as possibilidades fônicas nas suas piadas de ciências humanas. Por exemplo:

O que é um pontinho marrom no Brasil em 1500?
R: Pedro Álvares Cabrown.

Como os comunistas se despedem?
R: “Até Marx!”
E como os petistas se cumprimentam?
R: “Bom Dilma!

Percebemos que nada disso seria possível se nós os falantes da Língua Portuguesa somado ao nosso conhecimento de mundo não pudéssemos dinamizar a Língua e usar isso para nosso próprio entretenimento.

O nome de Rafinha Bastos foi utilizado no título porque acompanhei pela TV (abreviação de televisão) e pela Internet toda a polêmica com relação a uma piada feita e considerada infeliz. Desde já, é bom que se diga que o blog Marcmel não se divulga nem contra nem a favor. Por isso que o título cita a Língua Portuguesa, porque o interesse maior é divulgar a Língua dentro desse contexto e levar a uma reflexão do que seria justo e injusto, o que é dinamismo na língua e o que não é, que classe  deve ser levada em consideração ou não. Ou seja, os infelizes são todos   os pertencentes à classe elevada ou lá também existe gente  que sabe da possibilidade de se entreter com a Língua? Ou ainda, somente os felizes estão na classe “menos favorecida?”

É claro que dentro dessa polêmica muitas outras áreas do conhecimento podem ser levantadas e discutidas, mas por enquanto queria apenas registrar o que me veio à mente depois de tudo isso com relação à Língua Portuguesa.

Fica minha pergunta: Os bárbaros não levavam em consideração as normas gramaticais por serem bárbaros ou eles eram bárbaros por não respeitarem a gramática?

Num século onde a tecnologia se expande de maneira “bárbara” e a humanidade ganha cada vez mais distância, os índices de tristeza, depressão, angústia, escassez não de um sorriso, mas de motivos para sorrir tem crescido absurdamente. Você já notou que personagens famosas e turistas do mundo todo têm apreciado cada vez mais a brasilidade de nossa terra? Os noticiários pelo menos informam que todos dizem que somos um país de gente feliz. Acho que pode até existir escassez de sorriso, mas motivos para sorrirmos acho difícil.

Se fizéssemos uma enquete e perguntássemos qual ser humano passou a ser mais feliz depois que aprendeu a sorrir de si mesmo, quais seriam as porcentagens?


O povo é o mesmo, a Língua e as variações são as mesmas, mas que dizer do mundo e da Língua que rege cada pensamento, cada ser humano? Até onde  essa “liberdade” é de fato uma “liberdade” se vez ou outra vou ferir a “liberdade” de alguém que ainda não abriu “liberdade” para que a” liberdade” se fizesse de fato?

Se sou Latim Clássico, o sou com minhas ponderações e com a abertura de liberdade que me convém nesse convexo. Se sou Latim Vulgar, o sou também com minhas liberdades e meu “retrocesso”.  Me resta saber qual dos dois respeita mais a possibilidade da liberdade que me é conferida.

Tu e Eu – Luís Fernando Veríssimo

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
E não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.

Espero que tenhamos comentários e que  sejam feitas reflexões sobre o assunto.


Marcmel.








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